THC x CBD: Qual composto da Maconha é mais benéfico?

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O Canabidiol, composto encontrado na planta da cannabis está se popularizando por seus supostos benefícios sem a chapação que normalmente é associada à maconha. Mas um novo estudo sugere que o principal composto da maconha, o THC – o que chapa os usuários – pode ser mais responsável pelos efeitos terapêuticos da planta.

Os pesquisadores analisaram dados de mais de 3.000 pessoas que usaram a maconha para alívio de sintomas médicos. Esses participantes rastrearam o uso de maconha com um aplicativo em seus smartphones.

O estudo descobriu que níveis de THC mais altos estavam fortemente ligados com relatos de alívio de sintomas, enquanto os níveis de CBD não estavam ligados ao alívio de sintomas.

“Apesar da sabedoria popular… que apenas o CBD tem benefícios médicos enquanto o THC apenas deixa as pessoas chapadas, nossos resultados sugerem que o THC pode ser mais importante que o CBD na geração de benefícios terapêuticos,” afirmou o co-autor do estudo, Jacob Miguel Vigil, professor associado do Departamento de Psicologia da University of New Mexico.

O estudo foi publicado em 25 de fevereiro no Scientific Reports. Foi financiado pelo Fundo de Pesquisa da Cannabis Medicinal da University of new Mexico, que recebe doações do público e da indústria da cannabis. Três autores desse estudo são funcionários da MoreBetter Ltd., a empresa que faz o app utilizado no estudo.

Esses pesquisadores perceberam que o estudo tinha várias limitações – por exemplo, os dados foram auto-relatórios e o estudo não tinha um grupo controle que não utilizava a cannabis. Os usuários também podem ter sentido o efeito placebo, no qual eles esperavam que certos produtos funcionassem melhor.

Mesmo assim, o estudo é um dos primeiros a examinar, em tempo real, quais propriedades da maconha estão relacionadas com os benefícios relatados. Devido a crescente popularidade da cannabis medicinal, os pesquisadores pedem mais estudos para melhor orientar os pacientes sobre a dosagem, efetividade e segurança de produtos de maconha medicinal.

Cannabis app

Como a maconha ainda é ilegal a nível federal nos EUA, pesquisas sobre os efeitos em tempo real foram limitadas.

No novo estudo, os pesquisadores tiraram vantagem de dados do Releaf App, que busca ajudar as pessoas a rastrear seu uso de maconha e aprender qual tipo de produtos de maconha parecem estar funcionando melhor para seus sintomas. O app pergunta aos usuários informações como o strain utilizado e os níveis de THC e CBD.

Os participantes usaram a maconha para vários sintomas incluindo depressão, ansiedade, insônia, stress, fadiga e dor nas costas. Os participantes relataram o grau de seus sintomas numa escola de 0 a 10 antes de usar a maconha e depois de 90 minutos de ter usado a erva.

Na média, os participantes tiveram uma queda de 3,5 pontos no grau de sintomas.

De todas as características da maconha, os níveis de THC eram os que mais estavam ligados ao alívio de sintomas. Os níveis de THC também estavam ligados tanto aos efeitos colaterais negativos (como boca seca e confusão) e positivos (como sentir-se relaxado e em paz). Os níveis de CBD não estavam ligados com o alívio de sintomas ou efeitos colaterais.

Os pesquisadores perceberam que, ainda que nas etiquetas de produtos seja descrito o CBD, essas etiquetas podem não estar completamente certas. Se esse é o caso, o CBD pode não estar ligado ao alívio de sintomas porque a dose é muito baixa para ter um efeito. Também pode ser que o CBD tenha efeitos mais tardios e a janela de 90 minutos do estudo não era suficiente para perceber esses efeitos, disseram os pesquisadores.

CBD na moda?

O novo estudo é “muito interessante”, disse Dr. Donald Abrams, um oncologista no University of California San Francisco’s Osher Center for Integrative Medicine, que já estudou a maconha e não estava envolvido nesse estudo do qual falamos.

Abrams percebeu que, além dos estudos sobre o CBD para epilepsia em crianças, há pouca evidência nos efeitos da substância. “Todos estão apoiando o uso do CBD ara o bem-estar. Eu só acho que tomou uma proporção muito grande comparado às poucas evidências,” Abrams disse à Live Science.

Abrams concordou com os autores sobre os desafios de estudar tratamentos a base de cannabis, principalmente devido aos inúmeros produtos que estão disponíveis para venda comercial. Mas “utilizar um app como fizeram nesse estudo é uma boa abordagem para coletar amostras significativas.”

Tradução da Live Science


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