Maconha pode ser usada para amenizar vício em crack

Você já deve ter escutado que a maconha é a porta de entrada para as drogas mais pesadas. O que um grupo de pesquisadores canadenses está defendendo, no entanto, é justamente o contrário. De acordo com uma pesquisa realizada em Vancouver, a maconha pode diminuir o consumo de crack.

O grupo de pesquisadores das universidades canadenses de British Columbia, Montreal e Simon Fraser estudou, durante dois anos e meio, a rotina de 122 dependentes de crack que haviam relatado estar usando maconha e crack simultaneamente.

Os usuários estudados foram os únicos que, dentre uma amostragem de 2.000 pessoas, afirmaram que usavam maconha numa tentativa de substituir a droga mais pesada.

Os cientistas, então, pediram para os usuários descreverem, em detalhes, a quantidade de drogas usadas nos seis meses anteriores – e aplicaram, junto com esses relatos, o Teste chi-quadrado de Pearson e o Teste de Wilcoxon, técnicas utilizadas em pesquisas para minimizar a margem de erro dos depoimentos.

Depois disso, encontros periódicos semestrais eram feitos com os entrevistados, para entender como andava a rotina do dependente.

No total, mais de 640 entrevistas foram realizadas para o estudo. Nas conversas, os pesquisadores calculavam a quantidade de drogas consumida pelos usuários (“O uso de crack é diário? E o de maconha?”).

Os resultados apontaram que a Cannabis auxiliava na diminuição do consumo de crack. O número de usuários que faziam uso de crack diariamente caiu de 35% para pouco menos de 20% após o início do consumo conjunto das drogas. O uso de maconha, no entanto, subiu 10%.

A teoria, aliás, já vem sendo pensada de maneira tímida há algum tempo – em 2009, por exemplo, outro estudo deu resultados similares ao testar os efeitos da maconha em ratos viciados em heroína.

É importante ressaltar, no entanto, que o estudo tem grandes fragilidades: o número de entrevistados não é muito grande, ele se baseia em relatos (mesmo que submetidos a técnicas de correção) e a maior parte das pessoas observadas parou de comparecer às entrevistas conforme o tempo da pesquisa passava.

Por esse motivo, ele não deve ser visto como conclusivo, embora abra possibilidades para que a abordagem seja mais estudada quando se pensa no combate à dependência química.


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